quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

R$ 88 bilhões em desvios na Petrobras? Muita calma nesta hora!

Pessoal; é impressionante o desconhecimento das pessoas que divulgam este tipo de notícia (ver http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/01/1581597-calculo-desprezado-pela-petrobras-trazia-perda-de-r-886-bi-com-desvios.shtml) . Na verdade, eu espero que seja desconhecimento, e não outra coisa...
No corpo da matéria se fala que o valor do COMPERJ hoje seria zero (porque o projeto não produziu nada), e a RNEST vale muito menos do que foi pago. Tudo isto está certo, mas estes valores não estão, de forma alguma, associados diretamente à corrupção, e sim a projetos mal feitos e com VPL absurdamente superestimado. Graças a Deus as duas Refinarias Premium estão sendo abortadas, o que vai impedir um estrago maior ainda no caixa da empresa.
O fato é o seguinte; a Petrobras embalou e patrocinou os delírios de um grupo político cujo objetivo era se eternizar no poder. Isto resultou em projetos feitos de qualquer jeito, e sempre com muita pressa, por razões que todo mundo sabe quais eram mas é melhor deixar de lado, por enquanto. Assim, os bilhões gastos equivocadamente na RNEST e no COMPERJ não foram desviados diretamente para a corrupção, conforme o título da matéria faz pensar; foram pagamentos feitos em troca de serviços que foram efetivamente prestados, como acontece em qualquer contrato do mundo. Se o desembolso foi muito maior que a estimativa, é porque os projetos foram mal feitos, em função da pressa e, na hora da verdade, os custos subiram astronomicamente, coisa perfeitamente normal quando os riscos são negligenciados na fase de planejamento.
Resumindo; o custo da corrupção é, comparativamente, muito pequeno; tenho certeza que a maior parte do prejuízo aconteceu por culpa de quem usou a empresa para se eleger, sem pensar no futuro da Petrobras e do País. Mas, para os donos do poder, é muito mais fácil dizer que a culpa é dos corruptos. Só que a matemática, esta velha aliada da verdade, os desmente.

domingo, 18 de janeiro de 2015

JE TAMBÉM SUIS CHARLIE, PÔ!

Todas as vezes que o assunto “até onde alguém tem o direito de ir em defesa daquilo que ele considera sagrado” entra em discussão, lembro três causos interessantes, que relato a seguir.
O primeiro envolve a figura de Chico Xavier, o famoso médium mineiro (eu sei que a simples menção à palavra “médium” causa crises histéricas em alguns espiritofóbicos, mas não me importo. A vida e a obra do nosso bom Chico demonstram que ele sempre foi um cara da paz, que jamais cogitaria usar um fuzil para defender suas ideias. E esta historinha ajuda a provar isto). Pois bem, dizem que uma vez ele foi procurado por uma senhora que pediu uma força para converter o marido à doutrina espírita. A frase dela foi; “meu marido só tem um defeito; não é espírita”. Chico, que era rápido de raciocínio e muito bem humorado, emendou de primeira; “então a senhora está de parabéns, casou com o homem perfeito. Porque não ser espírita não é um defeito; é uma escolha”. Simples assim; Chico tinha todos os motivos do mundo para acreditar no espiritismo, do qual foi e é um dos maiores divulgadores, mas jamais promoveria uma guerra santa pela conversão dos infiéis. Cada um escolhe o que quer. E Deus abençoa a todos.
Outra visão interessante sobre o assunto é a de Daniel Goleman, em seu famoso livro “Inteligência Emocional”. Não lembro exatamente das palavras, mas ele diz algo do tipo; pessoas que acreditam em alguma religião são, normalmente, melhores para trabalhar em equipe, uma vez que tendem a aceitar com mais resignação os problemas que acontecem ao longo da vida profissional (tipo; demissão, cancelamento de bônus, ser preterido em uma promoção, etc...). Mas ele mesmo alerta para o fato de que existe uma diferença entre uma pessoa religiosa e um fanático religioso; estes últimos são perigosos até no ambiente de trabalho.
Finalmente, temos o grande estadista inglês Winston Churchill, um dos maiores frasistas da história universal, que definia um fanático como “uma pessoa que não consegue mudar de ideia, nem de assunto”.
Resumindo; ter uma religião, acreditar em um Deus e em um código de ética, pode ser uma coisa muito positiva para um ser humano. O grande problema começa quando alguém se dá o direito de impor aos outros a sua religião e o seu código de ética. E divide o mundo entre os “meus” e os “do demônio”. A partir daí a coisa sai totalmente do controle. E posso dizer, sem medo de errar, que 99,9% do sangue que foi derramado estupidamente ao longo da história universal teve origem em discussões deste tipo.
Até a próxima!